Ele traça a trajetória da indústria da moda de luxo, desde o surgimento das grandes marcas, com seus estilistas, ourives ou designers, as quais atendiam uma pequena parcela privilegiada da sociedade, até os conglomerados de marcas de luxo em que se tornaram, que as mercantilizaram.
O livro é interessantíssimo, porque desmistifica as marcas de luxo. De como, em sua maior parte, transformaram-se de sinônimo de algo muito bem feito e de alta qualidade, acessível a uma minoria, em objeto de desejo e realização de uma maioria, interessadas em ostentar uma marca, e que passaram a consumir os artigos mais em conta que passaram a ser criados especialmente para atendê-la. E de como aquele seleto grupo minoritário, com muito dinheiro para gastar, transformou o conceito de luxo, para continuar diferenciado e não ser confundido com essa maioria que agora tem acesso às mesmas marcas.
Como a autora é jornalista de moda, teve acesso aos principais nomes dessa indústria. Então o livro é recheado de entrevistas. Desde entrevistas com fornecedores e artesãos até estilistas e executivos. Incluindo policiais, investigadores e advogados que combatem a falsificação dos produtos.
Ao fim e ao cabo, tudo tem a ver com se sentir especial. Os economicamente privilegiados naturalmente já se sentem assim. E se uma determinada marca é consumida por quem tem muito dinheiro e um estilo de vida privilegiado, para outras pessoas que não possuem a mesma condição, também poder consumi-la é como um ingresso para esse mesmo mundo privilegiado. E tudo isso movimenta muito dinheiro.
Embora à primeira vista o assunto possa parecer fútil, esse é um fenômeno que está ocorrendo ao nosso redor, e com muita força. Só por isso já merece ser conhecido e refletir-se a respeito.
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