sábado, 28 de junho de 2014

Onde vamos parar?

Estava chegando no prédio do escritório ontem quando me deparei com a seguinte cena: uma menina de uns sete anos estava aguardando o elevador. Daí começou a se olhar bem no imenso espelho do hall de entrada e de repente saiu com essa para a sua acompanhante - que não era a mãe: "Eu odeio esse casaco. Ele me deixa gorda". A moça começou a lhe dizer que não, que era um bonito casaco, que ele só era mais larguinho, que não a deixava gorda...

Confesso que fiquei meio chocada com a cena. Pela precocidade da menina, que aos sete anos estava preocupada se estava gorda.

Não convivo muito com crianças, não tenho muita ideia de como anda esse universo infantil. Então essa cena meio que me abriu os olhos.

O que nós, nós todos, como sociedade, estamos fazendo às nossas crianças?

Estamos envolvendo os pequenos em nossas paranoias desde a mais tenra idade.

A questão do peso e da magreza ganha importância a cada dia. Parte do universo das celebridades e atinge a todos nós. Seja querendo exibir corpos cada vez mais magros ou cada vez mais sarados, a qualquer custo; seja estando conscientes de que estamos à margem da sociedade ou sentindo-nos inadequados.  

Eu sempre sofri com a questão do peso, em decorrência do hipotireoidismo e de um metabolismo mais lento do que uma lesma paralítica. Eu sei bem o que é sofrer por causa disso, sempre tentando fazer o corpo responder. Me doeu ver aquela menina, visivelmente tão magrinha, tão cedo preocupada em estar aparentando estar gorda.

E casualmente me deparei hoje com notícias sobre o novo tamanho de roupas nos Estados Unidos: o triplo zero, que equivale ao tamanho 30 aqui no Brasil, e cujas medidas correspondem àquelas de meninas de oito anos; mas estamos falando de roupas para adultos... Para saber mais, veja essa matéria do jornal O Globo e esse post do blog Petiscos.

Onde vamos parar? Onde vamos parar?

É necessário fazer um esforço para se estar sempre atento e não entrar nessa histeria coletiva. É muito mais fácil cair nela, pela tendência que temos de adotar comportamentos do grupo, do que se manter alerta e não se deixar influenciar. Até pela reação da sociedade, que rejeita os que a ela não se adequam.

Faço votos de que a garotinha que encontrei no hall do prédio aproveite para usar o triplo zero na idade em que está, que é a idade adequada. Talvez comprando uma roupinha triplo zero ela não se sinta gorda e inadequada... Triste isso...

Um comentário:

  1. É querida... A sociedade está cada vez pior. Cada vez mais alienada e alienante. Mas, o pior é saber que a história da garotinha que você conheceu está se tornando a cena comum e por isso mesmo qualificada como "normal". Absurdo, não? Se não abrirmos bem os olhos, vamos "normalizar" outros comportamentos muito bizarros e então a sua pergunta "onde vamos parar?" vai ser cada vez mai pertinente! Que bom que colocou a questão em discussão. Precisamos falar mais sobre o assunto e precisamos proteger nossos filhos dessa "normalidade" que não deixa as pessoas se sentirem felizes e não conseguirem encontrar o verdadeiro sentido de suas vidas! Grande abraço e parabéns.

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